SYBIL: RESENHA DO FILME

29/03/2022 12:39

Com base no livro homônimo escrito pela jornalista estadunidense Flora Rheta Schreiber publicado em 1973, o filme Sybil, lançado em 1976 e dirigido por Daniel Petrie, conta a história de uma jovem mulher que desenvolveu várias personalidades, como mecanismo de defesa para os abusos que sofrera da mãe.

No enredo, a psicanalista Cornelia Wilbur (Joanne Woodward) diagnostica a condição de Sybil Dorsett (Sally Field) e tenta ajudá-la, apesar de saber que está lidando com um caso único.

Dentre as 16 personalidades criadas pela mente de Sybil, destacam-se:

Peggy - uma garota de 8 anos que acredita ainda morar na cidade em que Sybil nasceu. Ela detém a raiva que Sybil sentiu ao ser abusada pela mãe e a expressa com frequência através surtos violentos nos quais quebra vidros e destrói objetos. Possui características artísticas voltadas para o desenho e pintura, entretanto tem medo de mãos, panos de prato e música que, provavelmente, desencadeiam instâncias específicas do abuso que sofrera.

Vicky - uma menina de 12 anos muito sofisticada e madura, que conhece as outras personalidades de Sybil e tudo o que os outros fazem. Fala francês e afirma ter crescido em Paris com muitos irmãos e pais amorosos. Essa é a personalidade dominante e a única a se submeter à hipnose.

Vanessa - uma garota jovem, vibrante e ruiva de cerca de 12 anos. É extrovertida e cheia de vontade de viver. Apaixona-se por Richard (Brad Davis) e ajuda Sybil a construir um relacionamento com ele, até que ele se afasta.

Mary - essa personalidade recebeu o mesmo nome da avó de Sybil logo após sua morte. Sybil ficou tão desolada que a criou como uma versão internalizada de sua vovó. Mary fala na voz de uma velha e frequentemente se comporta como uma.

Mike - um garoto impetuoso que gosta de construir e fazer carpintaria. Acredita que irá crescer um pênis nele e então poderá dar um filho a uma menina quando for mais velho.

Ao analisarmos o filme do ponto de vista psicanalítico, diversas reflexões são possíveis. Uma delas reside na compreensão do TDI - Transtorno Dissociativo de Identidade. Apesar de ser estudado há décadas pela Medicina e Psicologia, o TDI ainda gera muitas dúvidas a respeito de suas origens e seu poder sobre a mente humana.

Apesar de ser uma obra de ficção, o filme Sybil retrata bem esse transtorno ao apresentar o primeiro caso comprovado de múltiplas personalidades e, segundo o psiquiatra Marcos Alexandre Gebara, "há casos descritos que têm até 60 personalidades. Quanto maior o número, no entanto, mais raro é o caso".

Além dessa reflexão, é interessante pensarmos nos diversos "eus" que, com certeza, cada indivíduo desenvolve, fruto de pequenas defesas que construímos em situações conflitantes. Para tal reflexão, o filme representa uma bela metáfora de todos nós - apenas humanos, incompletos e fragmentados.


Evandro Carlos Braggio

17 de maio de 2018



Links para visualização:

1- https://portuguese.ava360.com/sybil-2007-filme-completo-audio-original-legendado_dcdef3bdb.html

2 - https://www.youtube.com/watch?v=OPltV-_25gs