"INESTIGAÇÃO CRIMINAL" E "ANATOMIA DO CRIME": UMA ANÁLISE DAS PSICOPATIAS

29/03/2022 12:24


Embora sejam duas produções distintas, ambas abordam o mesmo tema: a investigação de crimes chocantes que abalaram o Brasil e impactaram a população pela violência de seus executores.

A série Investigação Criminal foi produzida pela Medialand e lançada em 2012. Nela, casos como os dos Nardoni, Richtofen e o do Maníaco do Parque são revisitados e analisados sob uma perspectiva sócio-psicológica. Além de depoimentos dos profissionais que atuaram nos casos, como delegados, peritos e investigadores, há também uma avaliação psicológica dos criminosos feita por profissionais nacionalmente reconhecidos, como o psiquiatra forense Guido Arturo Palomba.

Anatomia do Crime se desenrola sobre outro enfoque. A série, lançada em 2017 e também produzida pela Medialand, realiza uma análise das provas dos crimes apresentados e procura compreender como funciona a mente dos criminosos no Brasil. São analisados diversos casos conhecidos no Brasil, como o do Atirador do Shopping e o recente caso do menino João Hélio. A narrativa se faz, em grande parte, pelas análises forense e psicológica realizadas por profissionais, como o psicólogo Carlos Xavier de faria, o criminólogo Christian Costa e a psicoterapeuta Gisela Ferrari.

Para os profissionais, estudantes e interessados em Psicanálise, uma questão sobre crimes cruéis parece ser recorrente: como funciona a mente de um assassino?

Segundo o psicólogo Antônio Carlos Amador Pereira (2005), "assim como ocorre com os nossos desejos sexuais, a vida em sociedade exige a repressão de alguns instintos". Disso, podemos entender que, por mais vontade que se tenha de agredir alguém, é preciso haver a renúncia desse desejo para se viver em grupo. 

"Essa é a diferença entre a vida selvagem e a civilização", acrescenta o psicólogo.

Freud, em seu artigo O Mal-Estar na Civilização (1929), descreve pela primeira vez o conflito existente entre nossos impulsos animais e a repressão desses impulsos pela vida em sociedade.

Entretanto, para o psicopata, existe outra lógica. Sua constituição psíquica não o permite conhecer o limite entre a realidade e sua própria fantasia. Muitos psicopatas, contudo, são classificados como "fronteiriços", nas palavras do psiquiatra forense Guido Arturo Palomba. Esses, segundo ele, transitam entre a total normalidade e momentos de falta de senso de realidade.

Apesar de divergências sobre os motivos que levam uma pessoa a cometer crimes tão perversos, muitos concordam que, problemas neurológicos, doenças mentais, abuso sexual e violência na infância são situações bastante determinantes para uma formação de quadros psicóticos.


Evandro Carlos Braggio

25 de Julho de 2018



REFERÊNCIAS:

FREUD, S.. (1929). O Mal-Estar na Civilização. Vol. XXI das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud. Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

PEREIRA, A. C. A. O Adolescente em Desenvolvimento. São Paulo: Harbra, 2005


Links para visualização:

1 - Investigação Criminal: https://www.netflix.com/br/title/70294895

2 - Anatomia do Crime: https://www.netflix.com/br/title/80243652