BREVE CONSIDERAÇÕES SOBRE ID, EGO E SUPEREGO

23/03/2022 10:41

Embora Sigmund Freud tenha proposto a divisão da mente em humana em Consciente e Inconsciente (Modelo Topográfico), é apenas em 1923, em sua obra O Ego e o Id, que ele propõe os conceitos de Id, Ego e Superego (Modelo Estrutural) por entender que o modelo anterior não conseguia explicar muitos fenômenos psíquicos.

Assim, a tríade Id - Ego - Superego corresponde à instâncias que formam a psique humana e que, por transitarem entre os níveis mentais da Consciência, Pré-Consciência e Inconsciência, não são percebidas como elementos estáticos ou estruturas completamente rígidas.

O Id é o elemento nato dos seres humanos, ou seja, nascemos com ele. Ele representa os desejos, vontades e pulsões primitivas e é formado, principalmente, pelos instintos e desejos orgânicos regidos pelo Princípio do Prazer. Em outras palavras, o Id coincide com o Inconsciente e é o polo psicobiológico da personalidade e constituído pelas pulsões. Inclusive, segundo Freud (1900: 431), "nenhuma outra pulsão é submetida, desde a infância, a tanta supressão quanto a pulsão sexual, com seus numeroso componentes".

O Ego é pensado a partir da diferenciação das capacidades psíquicas em contato com a realidade exterior. Sua atuação transita entre o Consciente, o Pré-Consciente e o Inconsciente. Ele é regido pelo Princípio da Realidade, ou seja, incumbe-se de ajustar-se ao ambiente e solucionar conflitos entre o interno e externo. Podemos dizer que ele serve como facilitador da interação entre o Id e o mundo externo.

O Superego é o elemento que se desenvolve tendo como base as demandas do Ego e consiste na representação dos ideais e valores morais e culturais absorvidos pelo indivíduo em sua cultura. Assim, ele atua como uma espécie de crivo para o Ego, advertindo-o sobre o que é ou não moralmente adequado.

Em suma, o Ego esforça-se por reprimir o conteúdo inconsciente e garantir que ele permaneça lá. Contudo, tal conteúdo trabalha para driblar essa repressão. Assim, mecanismos agem de forma a liberar tais conteúdos rumo ao consciente. Podemos citar, por exemplo, as manifestações oníricas presentes nos sonhos como um desses mecanismos, já que eles são, segundo Freud, "a via régia para o inconsciente" (1900).


Evandro Carlos Braggio

15 de agosto de 2018


REFERÊNCIAS:

FREUD, S. A Interpretação dos Sonhos. Vol. V das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud. Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996, pág. 431.

________ O ego e o id. Vol. XIX das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud. Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996.